Existe um limite para a especialização do trabalho?
A especialização é baseada no conceito de divisão do trabalho. Dividir em tarefas menores que possam ser executadas com a máxima eficiência possível.
Como apresentada na literatura, a especialização, sofreu pico e vale, respectivamente, nos séculos XX e XXI.
Isso aconteceu porque no século XX houve grande influência na obra de Taylor (pai da administração científica). No século XXI, os avanços da administração moderna trouxeram a perspectiva humanística para a administração.
Contudo, as ideias de Taylor não se tornaram obsoletas. A especialização ainda é fator preponderante para a produtividade. No entanto, o que ocorre em contrapartida é, na verdade, o excesso de especialização.
A partir desse problema surge o seguinte questionamento: Existe um limite para a especialização do trabalho? Tentarei explicar por meio de uma representação gráfica:
Imagine que em um plano cartesiano à medida que a especialização do trabalho aumenta, no eixo X, a produtividade diminui, no eixo Y.
Podemos dizer que esse é um evento de grandezas inversamente proporcional, ou seja, quando uma grandeza aumenta, a outra diminui.
É possível chegar à seguinte conclusão:
Existe um ponto em que a produtividade e a especialização são máximas! Isso ocorre porque o gráfico faz uma curva côncava, o qual possui como vértice o ponto máximo entre a especialização e a produtividade.
Ao imaginar este gráfico, fica claro que se uma organização aumenta a produtividade, é sinal de que aumentou a especialização, mas o ponto mais alto de produtividade não é o de maior especialização, da mesma forma que o ponto mais alto da especialização não é o da produtividade.
Falamos de grandezas inversamente proporcionais, como havia citado antes. Dessa forma, se queremos uma organização mais produtiva, devemos observar, por exemplo, se as tarefas dadas aos colaboradores são simplistas (muito especializadas) ou desafiadoras (mais complexas).
Este é apenas um dos parâmetros, pois muitos colaboradores perdem a motivação no trabalho pelo fato de este ser monótono, com muitas tarefas repetitivas (alta especialização).
Muitas organizações agiram de forma equivocada no passado, ao aumentarem a especialização a níveis extremos, forçando os indivíduos a trabalharem como simples engrenagens em uma máquina.
No auge da revolução industrial, as pessoas estavam completamente alienadas em relação ao produto de seu trabalho. Quem assistiu ao filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, deve se lembrar.
No filme de Chaplin, há uma crítica feroz ao processo de transformação da sociedade nos “tempos modernos”, quando os homens eram tratados como máquinas.
Quanto mais especialista o indivíduo se torna em uma determinada tarefa, mais rápido ele pode executá-la, além disso, a execução seria perfeita devido à simplicidade da tarefa.
No entanto, o que foi ignorado por um tempo naquela época foi justamente os efeitos negativos dessa extrema especialização. Esses aspectos negativos afetam a produtividade e, além disso, prejudicam a dignidade humana, tratando a pessoa como uma simples “peça de engrenagem
A despeito disso, chegamos à conclusão presente: precisamos encontrar o ponto de equilíbrio entre especialização e produtividade. A adequada especialização de tarefas deve aumentar a produtividade das organizações, mas precisa levar em consideração as limitações humanas como elemento principal em relação ao bem-estar social.
Para isso, é necessário analisar os processos organizacionais e manter um limite para a especialização, levando em conta ganhos em produtividade como resultado de uma adequada adaptação prática.
Pois, a adequada especialização promove a transformação dos funcionários em especialistas, melhora os processos, reduz custos, aumenta a capacidade de resposta, melhora a prestação de serviços eficaz, entre outros aspectos positivos.